Sistemas agroflorestais são formas de uso ou manejo da terra, nos quais se combinam espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma simultânea ou em seqüência temporal e que promovem benefícios econômicos e ecológicos.
Os sistemas agroflorestais ou agroflorestas apresentam como principais vantagens, frente a agricultura convencional, a fácil recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes, o controle de ervas daninhas, entre outras coisas.
A integração da floresta com as culturas agrícolas e com a pecuária oferece uma alternativa para enfrentar os problemas crônicos de degradação ambiental generalizada e ainda reduz o risco de perda de produção.
Outro ponto vantajoso dos sistemas agroflorestais é que, na maioria das vezes, as árvores podem servir como fonte de renda, uma vez que a madeira e, por vezes, os frutos das mesmas podem ser explorados e vendidos. A combinação desses fatores encaixa as agroflorestas no modelo de agricultura sustentável.
Há quatro tipos de sistemas agroflorestais:
- Sistemas agrossilviculturais – combinam árvores com cultivos agrícolas anuais;
- Sistemas agrossilvipastoris – combinam árvores com cultivos agrícolas e animais;
- Sistemas silvipastoris – combinam árvores e pastagens (animais);
- Sistemas de enriquecimento de capoeiras com espécies de importância econômica.
Nos sistemas agroflorestais, associa-se a agricultura e a pecuária com árvores, combinando produção e conservação dos recursos naturais.
Além de buscar atender às várias necessidades dos produtores rurais, como a obtenção de alimento, extração de madeira, cultivo de plantas medicinais, os SAF’s diversifica a produção proporcionando uma oferta mais estável de produtos ao longo do ano. Os sistemas agroflorestais podem auxiliar na conservação dos solos, das microbacias e áreas florestais.
A modelagem de um sistemaagroflorestal exige grande conhecimento interdisciplinar de botânica, de solos agrícolas, de microfauna e microflora de solos, de função ecofisiológica dos organismos que constituem os vários extratos, de sucessão ecológica e de fitossanidade.
Evidentemente que tudo isso deve vir acompanhado de um prévio conhecimento em agronomia e silvicultura, já que é nesses dois ramos que se baseia a agrossilvicultura.
Da mesma forma que um sistema agroflorestal pode trazer mais lucros que um sistema agrícola convencional, ele também pode trazer mais custos, já que existem pelo menos dois grupos principais de componentes que precisam ser profissionalmente manejados e mantidos dentro de um sistema agroflorestal: o componente agrícola, que engloba as plantas herbáceas ou arbustivas e o componente florestal, que pode ser representado pelas árvores, palmeiras ou outras plantas lenhosas perenes e de origem florestal.
Os sistemas trazem uma série de vantagens econômicas e ambientais, tais como:
- Custos de implantação e manutenção reduzidos;
- Diversificação na produção aumentando a renda familiar, assim como a melhoria na alimentação;
- Melhoria na estrutura e fertilidade do solo devido à presença de árvores que atuam na ciclagem de nutrientes;
- Redução da erosão laminar e em sulcos;
- Aumento da diversidade de espécies;
- Recuperação de áreas degradadas.
O modelo agroflorestal visa compatibilizar o desenvolvimento econômico da população rural com a conservação do meio ambiente.
A produção agroflorestal é intrinsecamente conservacionista e gera um impacto positivo a partir dos “serviços ambientais” prestados, de acordo com as características funcionais do ecossistema.
O sistema agroflorestal com grande mistura de espécies (ocupando extratos/camadas diferentes do ecossistema, tais como arbusto, árvores de pequeno e grande porte), apesar de o conjunto de espécies se mostrar bem alterado em relação à floresta original, funciona de forma bem parecida com a floresta natural, em termos de ciclos de nutrientes, regulamentação do ciclo hídrico, interação com a atmosfera etc.
O modelo tradicional de cultivo intensivo muito simplificado, como no caso das monoculturas, traz grandes custos ambientais e sociais. No que se refere à questão ambiental, este modelo provoca perda da biodiversidade, degradação de solos, escassez de água e energia e contaminação tóxica – que pode afetar o meio ambiente, trabalhadores e consumidores.
No que se refere à questão social, a monocultura está associada à grande migração rural-urbana e à perda do meio de fomento de milhões de famílias. Sem considerar que a viabilidade econômica do modelo intensivo da agricultura tem sérias limitações.
Finalmente, é importante ressaltar que o modelo agroflorestal não é uma solução integral para a proteção da biodiversidade. Certamente, ele reduz os impactos das queimadas e dos agrotóxicos e visa reduzir os impactos do desmatamento. Mas, em escala regional, é necessário um sistema integrado de reservas florestais, tanto públicas (Parques e Reservas Biológicas) como particulares (em assentamentos e grandes fazendas).