Nos últimos anos, a bioeletricidade tem conquistado cada vez mais espaço no Mercado Livre de Energia, acompanhando o avanço das fontes renováveis e a crescente busca das empresas por alternativas energéticas sustentáveis e economicamente vantajosas.
Diferente da geração distribuída, essa modalidade funciona dentro da lógica de contratação direta entre consumidores e fornecedores, onde a energia é negociada com liberdade, previsibilidade e maior controle sobre custos. Nesse contexto, a bioeletricidade se posiciona como uma alternativa sólida, segura e alinhada às metas ambientais de muitas organizações.
A bioeletricidade é gerada a partir de biomassa, especialmente de resíduos da agroindústria, como bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz, restos de madeira e outros materiais orgânicos.
Por utilizar resíduos, ela não apenas reaproveita subprodutos que antes seriam descartados, como também promove menor impacto ambiental em comparação com fontes fósseis. Seu uso, portanto, agrega valor a cadeias produtivas que já possuem infraestrutura voltada à geração de energia térmica, elétrica ou ambas, sem necessidade de grandes transformações.
O papel da bioeletricidade no fornecimento para o Mercado Livre de Energia
A entrada da bioeletricidade no Mercado Livre de Energia representa uma combinação de sustentabilidade, previsibilidade contratual e confiabilidade de fornecimento. Diferente da energia solar e eólica, que dependem de fatores climáticos, a bioeletricidade oferece uma geração mais estável, o que atrai consumidores com demandas constantes e que buscam previsibilidade nos contratos.
No ambiente livre, empresas podem negociar diretamente com fornecedores ou comercializadoras habilitadas, com base em critérios como tipo de fonte, duração do contrato, volume de energia e preço.
A energia gerada a partir da biomassa, por ter menor emissão de carbono e menor impacto ambiental, também ajuda empresas a se aproximarem de metas ESG, sem abrir mão da competitividade econômica. Isso tem impulsionado a bioeletricidade a ganhar espaço entre consumidores livres que valorizam uma matriz energética diversificada e responsável.
Outro ponto relevante é o fato de que a geração de bioeletricidade ocorre, em muitos casos, próxima aos centros de consumo industrial. Isso reduz perdas na transmissão e facilita o atendimento às exigências regulatórias do setor, tornando essa fonte especialmente atrativa para grandes consumidores ligados à rede de média ou alta tensão, perfil exigido para a adesão ao Mercado Livre de Energia.
Benefícios econômicos e ambientais da bioeletricidade para empresas
A escolha pela bioeletricidade no ambiente livre vai além do compromisso ambiental. O fator econômico também é decisivo. Como os contratos são firmados diretamente entre consumidores e geradores ou comercializadoras, é possível negociar valores mais atrativos do que os praticados nas tarifas reguladas do mercado cativo. O resultado é uma redução considerável no valor pago atualmente, que pode ser sentida desde os primeiros meses de contrato.
Além disso, ao optar por uma fonte de energia renovável como a bioeletricidade, as empresas fortalecem sua imagem institucional. Em um contexto onde consumidores e investidores valorizam práticas sustentáveis, isso pode se traduzir em vantagens competitivas, seja por meio de diferenciação no mercado ou valorização de marca
A previsibilidade no fornecimento, aliada à estabilidade no preço, também contribui para o planejamento financeiro da empresa. Diferentemente de modelos tarifários indexados às oscilações do sistema elétrico nacional, os contratos no Mercado Livre de Energia são personalizados, com condições que podem ser fixadas por longos períodos.
Integração com o modelo do Mercado Livre de Energia
Para aderir ao Mercado Livre de Energia, o consumidor precisa atender a alguns critérios técnicos, como estar ligado à rede de média ou alta tensão e apresentar uma demanda contratada superior a 75kW.
Normalmente, empresas com contas de energia a partir de R$10 mil mensais já estão dentro do perfil de entrada. Uma vez habilitadas, essas organizações ganham liberdade para escolher a origem da energia que consomem.
Neste cenário, a bioeletricidade tem ganhado protagonismo, não por imposição de mercado, mas pela conjunção de fatores econômicos e estratégicos. Usinas térmicas a biomassa já operam há décadas no Brasil, com destaque para regiões de forte presença agroindustrial, como o interior paulista, o Centro-Oeste e o Nordeste, conforme aponta a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) em seus relatórios sobre a participação da biomassa na matriz energética nacional.
A estrutura já consolidada facilita o escoamento dessa energia por meio da malha elétrica existente, sem exigir adaptações significativas.
Há comercializadoras que atuam na intermediação entre esses geradores e consumidores interessados. Em vez de depender de fontes únicas ou sujeitas a sazonalidade, o cliente do mercado livre pode diversificar sua matriz energética, incluindo a bioeletricidade como fonte principal ou complementar.
Empresas que atuam no setor elétrico e oferecem soluções no ambiente livre, como a EDP, contribuem com essa movimentação ao possibilitar que consumidores optem por fontes renováveis de forma segura e regulamentada, respeitando os parâmetros técnicos exigidos pela ANEEL e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Essa atuação favorece a ampliação do acesso à energia renovável, como a bioeletricidade, por meio de contratos bem estruturados e com suporte especializado ao consumidor corporativo.
Expansão da bioeletricidade e perspectivas para o futuro
Dados da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) indicam que a capacidade instalada de geração de bioeletricidade no Brasil supera os 15 GW, com potencial de crescimento significativo nos próximos anos.
A maior parte dessa energia é gerada durante a safra da cana, mas novas tecnologias têm ampliado a viabilidade de operação por mais meses ao longo do ano.
Outro diferencial da bioeletricidade é a cogeração, ou seja, a produção simultânea de energia elétrica e térmica a partir da mesma fonte. Isso aumenta a eficiência energética do processo e agrega valor ao sistema como um todo. Além disso, ao utilizar resíduos que seriam descartados, a geração contribui para a redução de passivos ambientais e estimula a economia circular em setores produtivos como o sucroalcooleiro, madeireiro e de papel e celulose.
Com o avanço de políticas públicas que reconhecem a importância de fontes renováveis e a expectativa da abertura gradual do Mercado Livre de Energia para novos perfis de consumidores, espera-se que a bioeletricidade mantenha sua trajetória de expansão.
Há um espaço promissor especialmente entre grandes consumidores que buscam soluções robustas e responsáveis para abastecer operações com alta demanda energética, como indústrias alimentícias, químicas, automotivas, entre outras.
Comercializadoras e empresas atuantes no Mercado Livre de Energia têm se adaptado para incluir essa fonte em seus portfólios, criando produtos e contratos que oferecem flexibilidade, segurança jurídica e acompanhamento técnico.
O crescimento da bioeletricidade nesse ambiente, portanto, é reflexo direto de uma demanda corporativa que valoriza eficiência, sustentabilidade e autonomia nas decisões energéticas.
A ascensão da bioeletricidade no Mercado Livre de Energia representa uma tendência sólida de transformação do setor energético nacional. Ao aliar sustentabilidade, viabilidade econômica e previsibilidade contratual, essa fonte vem se consolidando como uma das opções preferidas entre empresas que buscam reduzir custos, minimizar impactos ambientais e se adequar às exigências de governança e responsabilidade socioambiental.
Soluções oferecidas no Mercado Livre de Energia por empresas como a EDP contribuem para essa transformação, com propostas alinhadas às necessidades de cada cliente, incluindo a possibilidade de contratar energia proveniente de fontes renováveis como a bioeletricidade, dentro de um ambiente regulado e seguro.
Essa flexibilidade e comprometimento com boas práticas energéticas ajudam a fortalecer uma nova era de consumo consciente e estratégico.