Produtos florestais não-madeireiros consistem em todo o material biológico de origem vegetal não-lenhoso, ou seja, exceto a madeira. Podem ser exemplificados como borracha, resina, tanino, óleos essenciais, plantas fitoterapêuticas, dentre outros.
Resina:
O setor brasileiro de produção de goma-resina ocupa uma posição de destaque no mercado mundial. A resinagem no Brasil teve início na década de 70, evoluindo de tal forma que, em 1989, o país passou da condição de importador para a de exportador destes produtos e de seus derivados. Tal reversão possibilitou não somente a redução de dispêndios, como passou a gerar divisas para o País. Somos, atualmente, o segundo maior produtor mundial, tendo a frente apenas a China.
A resinagem é uma atividade que consiste na extração de goma-resina de árvores vivas do gênero pinus. O volume de goma- resina e produtos dela obtidos, consumido pelas mercado mundial, são produzidos apenas por cinco espécies principais; P. elliottii var. elliottii, P. caribaea Morelet (englobando as variedades caribaea, hondurensis e bahamensis), P. palustris, P. pinaster e P. sylustris, sendo a primeira, a maior produtora. A espécie Pinus elliottii é a mais cultivada no Brasil e nos Estados Unidos, sendo a mais importante e que oferece a mais alta produção de goma-resina.
Resina é uma secreção formada especialmente em canais de resina de algumas plantas como, por exemplo, árvores coníferas. Numa ferida na casca da árvore, a resina escoa lentamente, endurecendo por exposição ao ar. De outra forma pode ser obtida através de talhos na casca ou da madeira da planta separadamente.
A goma-resina do Pinus elliottii é composta de 68% de breu, 17% de terebintina, 10% de umidade e 5% de impurezas sólidas e água das chuvas, enquanto que a goma-resina do “ pinus tropical” possui 68% de breu e de
As resinas quando flexíveis são conhecidas como "óleo-resina", e quando contendo ácido benzóico ou ácido cinâmico, são chamadas bálsamos. Outros produtos resinosos estão, em suas condições naturais, misturados com a goma ou substâncias mucilaginosas conhecidas como resinas de goma.
Borracha natural
A Seringueira (Hevea brasiliensis) é uma das principais espécies florestais nativas do Brasil. No início do século, o Brasil ocupava a primeira posição mundial na produção e exportação de borracha natural. Porém, a partir de 1913, o Brasil perdeu a hegemonia no mercado mundial da borracha tendo que disputar o mercado com os países do sudeste asiático.
Apesar dos avanços da produção nacional de borracha natural, o País ainda depende significativamente das importações. Nos 10 anos compreendidos entre 1992 e 2002, o Brasil despendeu US$ 1,082 bilhão com importações de borracha natural nas suas diversas formas. No mesmo período, a produção brasileira de borracha natural totalizou 693,5 mil toneladas, o que correspondeu a 36% do total consumido pelo País. Essa participação foi crescente no período, tendo atingido mais de 45% em alguns anos devido, especialmente, aos
Tanino
Taninos são polifenóis de origem vegetal. Eles inibem o ataque às plantas por herbívoros vertebrados ou invertebrados, pela diminuição da palatabilidade, dificuldades na digestão, produção de compostos tóxicos a partir da hidrólise dos taninos e também por microorganismos patogênicos. São geralmente divididos em dois tipos: hidrolisáveis e condensados (protoantocianidinas).
Os taninos hidrolisáveis são hidrolisados por ácidos ou bases fracos produzindo-se carboidrato e ácidos fenólicos. Estes tipos de taninos são encontrado nas folhas e súber de muitas espécies de plantas. Já os taninos condensados são polímeros de
Devido às suas características, os taninos têm as seguintes aplicações farmacológicas: antídotos em intoxicações por metais pesados e alcalóides; adstringentes; cicatrizantes; antidiarreicos; anti-sépticos; antioxidantes.
O tanino é a substância mais utilizada em todo o mundo para curtir o couro para confecção de sapatos, bolsas, dentre outros. Brasil, África do Sul e China são os grandes produtores mundiais, sendo que no Brasil a produção se concentra no Rio Grande do Sul, através de reflorestamentos com Acácia Negra (Acacia mearnsii). Os estudos sobre melhoramento genético visam a sustentabilidade desta produção, bem como o aumento de produtividade da casca, de onde se retira o tanino e da madeira, que atualmente é toda exportada para o Japão para a fabricação de celulose.
Óleos essenciais
Os óleos essenciais são substâncias voláteis extraídas de plantas aromáticas, constituindo matérias-primas de grande importância para as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia. Essas substâncias orgânicas, puras e extremamente potentes são consideradas a alma da planta e são os principais componentes bioquímicos de ação terapêutica das plantas medicinais e aromáticas.
No rol das matérias-primas usadas no Brasil para extração de óleo essencial, o eucalipto sempre ocupou um lugar de destaque e, historicamente, a atividade tem se mostrado crescente. Atualmente, a nossa produção é estimada em torno de 1.000 toneladas/ano, posicionando o Brasil de forma importante no mercado mundial, onde a China detém liderança, com produções anuais que chegam a 3.000 toneladas. A produção brasileira de óleo essencial de eucalipto está baseada em pequenas e médias empresas; utiliza-se da exploração de cerca de 10 mil hectares de florestas, gerando aproximadamente 10 mil empregos diretos e uma movimentação financeira de cerca de 4 milhões de dólares, sendo que a metade é devido às exportações.
O óleo de eucalipto é obtido pela simples destilação de suas folhas mediante o uso de vapor d'água. Por ser uma cultura ligada à extração de folhas, o manejo da área de plantio pode ser conduzido dentro do conceito de uso múltiplo da floresta. Trata-se de um dos poucos exemplos práticos em nosso país de atividade em florestas plantadas, que permite este tipo de manejo mais amplo e otimizado de produção florestal. Além das folhas, a atividade pode ser conjugada à produção de madeira destinada para lenha, mourões, postes e até toras para serraria, havendo ainda exemplos de integração do sistema de criação de animais em regime silvi-pastoril. Além disso, as folhas depois de destiladas fornecem energia para a geração de vapor, sendo usadas também como adubo orgânico para as próprias florestas. A atividade de produção de óleo essencial permite a geração de receitas para o proprietário da terra, desde o primeiro ano da atividade florestal, antecipando receitas e fixando de forma mais perene e continua a mão-de-obra rural.
Na extração de óleos essenciais, o método a ser utilizado deve ser bem escolhido antes de ser aplicado. Ainda que uma empresa já tenha um método sendo usado, nada impede de que seja sugerido um meio melhor e mais barato de produzir o que se deseja. Dentre os métodos, destacam-se Enfleurage, arraste por vapor d'água, extração com solventes voláteis, prensagem a frio e CO2 supercrítico.
Referências Bibliográficas: