Notícia
24/11/2019
O ABRANGENTE MUNDO DO AGRONEGÓCIO
Produzir alimentos exige mercados, adoção de tecnologias, crédito rural suficiente e oportuno, e gestão para bons resultados! Não prevalece a tese do alimento barato, aceita por milhões de consumidores pouco afeitos às complexas lides de campo para plantar, tratar, colher, abastecer e exportar!
O ABRANGENTE MUNDO DO AGRONEGÓCIO*
Dados preliminares da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (ONU/FAO), na safra
mundial 2019/2020 indicam que devem ser colhidas 2,95 bilhões de toneladas de grãos e consumo estimado em 2,96 bilhões de toneladas.
Entretanto, devem ser considerados a existência de estoques reguladores de grãos nos países produtores, bem como as demandas contínuas para o abastecimento dos atuais 7,65 bilhões, enquanto segurança alimentar, abrangendo também o consumo de grãos pelos rebanhos de bilhões de cabeças de pequenos e grandes animais domesticados que ofertam leite, carnes e ovos; proteínas nobres à mesa dos consumidores, igualmente envolvidos num processo irreversível de
atração urbana em nível mundial!
Presume também a ONU/FAO que na safra de grãos 2019/2020 a razão entre o estoque final e o consumo diário deverá ser de
109,7 dias contra
74,6 dias na safra 2005/2006. Outra estimativa recente dessa entidade internacional se refere à previsão de que a população mundial cresce em 83 milhões de pessoas anualmente ou
227,4 mil por dia, tendo-se que computar o fato de que, em 2017, 821 milhões de seres humanos ainda passavam fome; um retrocesso aos níveis de 2010 (FAO/Seapa).
Contudo, recorde-se que
produzir alimentos exige mercados, adoção de tecnologias, crédito rural suficiente e oportuno, e gestão para bons resultados! Não prevalece a tese do
alimento barato, aceita por milhões de consumidores pouco afeitos às complexas lides de campo para plantar, tratar, colher, abastecer e exportar!
Em 2018, a China exportou US$ 2,48 trilhões em produtos diversificados; os EUA, US$ 1,66 trilhão; e o Brasil, US$ 240 bilhões, sendo
US$ 101,2 bilhões do agro (42,1%), e último lugar entre os
27 países maiores exportadores (OMC). Segundo o pesquisador Eliseu Alves, da Embrapa; “O capitalismo não finca raízes. Expandir é de sua natureza.”
Além disso, dados preliminares de outubro de 2019 (USDA/Seapa), em nível mundial, indicam uma oferta de 1,10 bilhão de toneladas de milho; 765,5 milhões de trigo; 497,7 milhões de arroz; e 338,9 milhões de toneladas de soja ou 2,70 bilhões de toneladas desses grãos somando
91,5% da safra total 2019/2020, e avaliada em 2,95 bilhões de toneladas.
Contudo, podem ocorrer mudanças nessas projeções, para mais ou para menos, inclusive por decorrência de pragas, doenças, e principalmente perdas eventualmente consequentes de severas adversidades climáticas! No Brasil, há dados preliminares sobre uma nova safra recorde de grãos de
246,3 milhões de toneladas em 2019/2020(Conab/2º Levantamento).
Noutra convergência, estudos desenvolvidos pelo pesquisador Evaristo de Miranda, Chefe-Geral da Embrapa Territorial, revelam também dados estratégicos sobre o agronegócio mundial e o uso da terra na
agricultura. Assim posto; “a maior parte dos países utiliza entre 20% a 30% dos respectivos
territórios em agricultura. Na União Europeia (UE), composta de
28 países, varia de 45% a 65%; nos EUA, 18,3%; China, 17,7%; e Índia, 60,5%. Os agricultores brasileiros cultivam apenas
7,8% de seu País, com muita tecnologia tropical e profissionalismo; potência no agronegócio!
E mais, em 2016 a Embrapa Territorial calculou a área cultivada no País em 65,9 milhões de hectares (7,8%) e a NASA em 63,9 milhões de hectares (
7,6%). Este resultado, sem dúvida alguma, confirma o da Embrapa, pois a diferença foi de apenas 0,2% para menor no caso da NASA, e cujo método foi homogêneo em todo o planeta Terra, o que permite comparações entre países. O Brasil cultiva
7,8% das terras; Dinamarca,
76,8%; Irlanda,
74,7%; Países Baixos,
66,2%; Reino Unido,
63,9%; e Alemanha,
56,9%.
No Mundo, as maiores áreas com lavouras são; Índia, 179,8 milhões de hectares; EUA, 167,8 milhões; China, 165,2 milhões; e Rússia, 155,8 milhões de hectares. Esses países respondem por 36% da área cultivada do Planeta, excluído o setor florestal.”
A produção de grãos, frutas, fibras, agro energia e florestas plantadas ocupa
9,0% do Brasil ou 76,6 milhões de hectares.
Minas Gerais cultivou apenas
5,4% das terras na safra de grãos 2018/2019, e comparando-se a safra de 2004 com a de 2019 a produção cresceu
46,9%; produtividade,
32,7%; e o fator terra apenas
9,6% (Seapa), portanto, alinhada aos ganhos de produção e produtividade da agricultura brasileira!
Mercados e tecnologias explicam esse desempenho em nível de campo e como segmento do agronegócio brasileiro que também agrega a pecuária e os sistemas agroflorestais indispensáveis à formação do PIB nacional! Em novembro de 2019, o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária brasileira somou R$ 609,5 bilhões a preços correntes (Mapa) ou US$
144,98 bilhões ao dólar comercial de ontem de R$ 4,204, e
presumivelmente maior do que os PIBs de alguns países! Um cálculo apenas didático, e que revela também a movimentação de bilhões de dólares e aquecimento das economias regionais ligadas ao abastecimento e às exportações. Efeitos multiplicadores e sinérgicos!
Nesses cenários de tamanhas e complexas condicionantes que molduram e aceleram a tomada de decisão dos empreendedores rurais em seus negócios agropecuários e desdobramentos sequenciais nos sistemas agroalimentares, mesmo com os avanços consideráveis das tecnologias de comunicação(TIs), há que se
relembrar que o
dado exige ser transformado em
informação, a informação ordenada em novos
conhecimentos e práticas
sustentáveis, mas que resultem necessariamente na
adoção dessas inovações nas culturas e criações, e haja
lucratividade para quem planta e cria. Um ciclo virtuoso que abrange produtores familiares, médios e grandes empresários rurais nas suas singularidades tecnológicas, gerenciais e de mercados!
Finalmente, é de se esperar que os “
Centros de Inteligência” ligados aos sistemas agroalimentares e agroflorestais, cooperativas, fabricantes de insumos, equipamentos agrícolas e produtores rurais
somem forças, talentos, pesquisas de ponta, boas práticas, integrações,
políticas públicas, logísticas eficientes, e promovendo também a difusão de inovações geradas pela pesquisa, via
extensão dos conhecimentos que precedem as mudanças e sejam elas quais forem, e com
apoio de centenas de centros de pesquisa, universidades, empresas privadas e investidores atuantes no agronegócio! Uma tarefa hercúlea e não há tempo mais a perder!
Engenheiro agrônomo Benjamin Salles Duarte* – 23/11/2019.
Fonte: O autor
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Comentário(s) (0)
CIFlorestas disse:
09/12/2019 às 18:30
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