A indústria gaúcha de móveis tubulares e de madeira Telasul, de Garibaldi, colhe desde 2008 os frutos de trocar mercados tradicionais em baixa por outros emergentes, como os países africanos.
Foi o remédio ante a concorrência chinesa que tomou corpo desde 2006 nos Estados Unidos, maiores clientes da marca há três anos. O comportamento da Telasul se repete em outras empresas do polo moveleiro da região de Bento Gonçalves, segundo do País e o maior do Estado. A diversificação e mesmo vendas para regiões como Europa ajudam a amenizar o recuo geral dos negócios desde outubro de 2008.
As exportações de janeiro a maio, que somaram US$ 75,5 milhões, foram 32,9% menores que as do mesmo período de 2008, quando o setor faturou US$ 112,6 milhões. Maiores compradores como EUA e Argentina ostentam queda de 33% a 38% no período. A presidente da Movergs-Associação das Indústrias do Estado, Maristela Longhi, reforça que a ampliação das regiões compradoras é hoje melhor alternativa para compensar as perdas. Para Maristela, a tática deve impedir maior queda no encerramento das vendas em 2009.
A Telasul, que mandava 30% das exportações para os EUA até 2006, sentiu o impacto da valorização do real frente ao dólar, que acabou beneficiando o produto chinês. A busca de importadores onde ninguém ainda tinha chegado é a aposta do fabricante. O gerente de exportações da empresa, Cassiano Baccin, aponta o resultado como efeito de um trabalho de dois anos de prospecção e estudos. Hoje, a região africana responde por 60% dos negócios e impulsiona a meta de crescimento de 20% da empresa na área externa este ano. Mesmo em países como Angola, Baccin admite que já enfrenta a disputa com os chineses. "Mas apostamos em bom atendimento e produto que pode ser entregue em menor quantidade e adequado ao gosto dos clientes", projeta o gerente da Telasul.
A Carraro, de Bento Gonçalves, também deixou de lado vendas para a clientela norte-americana desde 2006. A atuação na África, onde a marca já está há dez anos, faz parte da ação para ampliar vendas e depender menos dos tradicionais mercados. Das vendas brasileiras para a Namíbia, a Carraro responde por 90%. A gerente de exportações da Carraro, Frances Regina Miorelli, comenta surpresas em meio à desaceleração da demanda. A Inglaterra voltou a comprar em 2009. Segundo Frances, dá resultado investir para abrir clientes em mercados onde a marca já está com trabalho consolidado. "Temos de usar uma vantagem competitiva como essa", comenta a gerente.